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DESEMBARGADOR IVANILDO ANDRADE RECEBE TÍTULO DE CIDADÃO RECIFENSE

 
 
Ivanildo Andrade exibe diploma ao lado da vereadora Aimée Carvalho
 
Na manhã desta terça-feira (20), o desembargador e presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região, Ivanildo da Cunha Andrade, recebeu o título de cidadão recifense. A cerimônia aconteceu na Câmara de Vereadores do Recife e a proposição do título foi da vereadora Aimée Carvalho. Natural de Macaparana-PE, Ivanildo Andrade mora no Recife desde 1963. 
 
O desembargador Ivanildo Andrade confessou-se orgulhoso por possuir agora legalmente reconhecido o título de cidadão recifense, que há muito já se autoatribuíra. 
 
Em seu discurso, emocionado, relembrou as imagens que traz guardadas de Macaparana e do Recife. “Na imagem mais longínqua da infância vejo dois marcos a delimitar a minha paisagem”, disse, referindo-se às duas cidades. 
 
Autoridades na composição da mesa de honra
 
 
A sessão foi presidida pelo vereador Eduardo Marques e integraram a mesa de honra os deputados estaduais Maviael Cavancanti e Antônio Morais, o vice-presidente do TRT-PE, desembargador Pedro Paulo Pereira Nóbrega, e o procurador do trabalho Pedro Serafim. Estiveram presentes o presidente dos Diários Associados, Joezil Barros, o vereador Jurandir Liberal, desembargadores, juízes e servidores do TRT-PE, amigos e familiares. 
 
Ivanildo Andrade ao lado dos deputados Maviael Cavalcanti e Antônio Morais
 
 
Leia na íntegra discurso do desembargador Ivanildo Andrade.  discurso_titulo_cidadao_recife.pdf
 
 
A seguir confira principais trechos do discurso. 
 
 
 
 
Imagem da infância
“Na imagem mais longínqua da infância vejo dois marcos a delimitar a minha paisagem. 
Um deles a se contorcer no alto da Serra das Mascarenhas e por mim considerado o mundo, durante algum tempo: Macaparana, cidade que, até então, dera tudo que me bastava: meus pais, meus avós, meus irmãos, meus parentes, a primeira professora, os primeiros amigos, as cantigas de roda, a banda de Mestre Brasil, Belém - meu carneiro de sela -, os doces frutos, a terra pujante e calorosa.
O outro debruçado à beira do mar, espraiava-se no horizonte, e, pela sua grandeza, afirmava-se aos olhos do menino - a ela trazido em busca de saúde – território vasto e misterioso, a ser desvendado. ”
 
Descobrindo os encantos do Recife
“Mas o Recife não se entrega facilmente. 
O nosso poeta Manuel Bandeira, que rimou poesia com Recife, afirma em uma de suas crônicas que “O encanto do Recife não aparece à primeira vista. O Recife não é uma cidade oferecida e só se entrega depois de longa intimidade.” E, nesta mesma trilha, afirmou Gilberto Freyre: “A nenhum, porém, a cidade se entrega imediatamente: seu melhor encanto consiste mesmo em deixar-se conquistar aos poucos. É uma cidade que prefere namorados sentimentais a admiradores imediatos.” Passo a passo tracei minha caminhada e tentei desvendar os segredos de sua geografia, de sua história e de seu espírito. E, aos poucos, percebi que - ao contrário do que se poderia concluir de leitura apressada das declarações de amor que lhe foram dirigidas pelos poetas -, o Recife não repulsa, não repele, não dá as costas a seus novos habitantes, deles exige, tão somente, constância no afeto. Depois, então, a cidade se deixa conquistar e maternalmente acolhe todos os que a ela acorrem por circunstâncias diversas. ”
 
Nos bancos do Ginásio Pernambucano 
“No tradicional Ginásio Pernambucano, cujo nome já mudara para Colégio Estadual de Pernambuco, concluí o curso colegial, e tive a oportunidade de conviver com os mestres Adauto Pontes, Geraldo Lapenda, Hilton Sette e muitos outros. E, nessa instituição, vivenciei a chama libertária do Recife, participei da política estudantil - em desafio aos tempos de chumbo -, ativando a certeza da magnitude do exercício da prática política, adquirida a partir de exemplos que me foram dados pelo meu pai, Clóvis Gomes de Andrade, sucessivamente vereador, vice-prefeito e prefeito de Macaparana.  Assim, mantive acesa e solidifiquei a consciência da injusta realidade social que até hoje nos cerca e para a qual despertei desde a mais tenra infância, a partir da imagem cotidiana dos desassistidos trabalhadores dos engenhos de minha terra natal, no início da década de sessenta. ”
 
Na Faculdade de Direito 
“Na Casa de Tobias, cuja história gloriosa remonta ao ano de 1817, melhor entendi a dimensão do fenômeno jurídico, assistindo, prazerosamente e com entusiasmo, às aulas ministradas por Lourival Vilanova, Ruy Antunes, Nelson Saldanha e por outros expoentes da ciência jurídica. Então, pude amadurecer o sentimento de justiça e a certeza de que a liberdade é o fundamento primeiro da dignidade humana e de todos os direitos.”
 
Percebendo o Brasil do exterior 
“Em agosto de 1974, depois de terminar o curso de Direito e de casar-me com Márcia Tereza - companheira de todas as horas -, parti rumo ao Reino da Bélgica, onde, sob os auspícios do Governo daquele País, que me outorgou bolsa de estudo, frequentei as Universidades Católica de Louvain, Real de Antuérpia e Livre de Bruxelas. 
Regressando ao Recife, trazia a convicção de que a magistratura seria campo fértil para os meus sonhos de ajudar na construção de um mundo mais justo e solidário. ”
 
Participação associativa 
"Nesses quase 33 anos de magistratura, além de buscar a minimização dos conflitos oriundos da relação trabalho/capital, exerci cargos diversos no espaço associativo, dentre eles a Presidência da Associação dos Magistrados do Trabalho da Sexta Região, a Presidência da Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho e a Vice-Presidência da Associação dos Magistrados Brasileiros.  A atividade associativa proporcionou-me a convivência com magistrados empenhados no aperfeiçoamento de nossas instituições e a participação em lutas memoráveis contra o nepotismo, pela extinção da representação classista e pela ampliação da competência da Justiça do Trabalho. "
 
 
Presença da família 
“Hoje, na presença de minha mulher, Márcia Tereza, de meus três filhos Isabela, Clóvis e Guilherme, de meu genro, Mancinelli, de minhas noras Ana Carolina e Débora, de meus irmãos Ivone, Irene e Ivaldo, de minha atenta e prestimosa sogra, Alcyone Bezerra dos Santos, de meus colegas de bancada e de muitos dos amigos conquistados ao longo da caminhada, confesso-me orgulhoso por ter legalmente reconhecido o título de cidadão recifense que há muito me autoatribuíra, fato que me legitima proclamar-me conterrâneo de meus netos, Beatriz, Marina, do tão esperado Henrique, já a caminho, e dos outros que certamente virão. ”
 
 
O novo cidadão do Recife ao lado da família: esposa, filhos, noras e genro 
 
 
O menino de Macaparana e o homem do Recife 
“Hoje, o menino de Macaparana e o homem do Recife se completam. Mesmo sem plena consciência, no menino de Macaparana já se encontrava o homem do Recife, e neste perdura o menino de Macaparana, sempre a lembrar ao bacharel em Direito, ao magistrado trabalhista a necessidade de manter aceso o senso de justiça que cedo lhe foi despertado pelas condições subumanas dos trabalhadores da palha da cana. ”
 
 
Ivanildo da Cunha Andrade formou-se em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1973. Também possui bacharelado em Ciências Criminológicas pela Universidade Livre de Bruxelas (1977), e mestrado em Gestão Financeira Pública, na Universidade de Antuérpia, na Bélgica (1976). Ingressou na magistratura do Trabalho da 6ª Região em 1981, como juiz substituto. Presidiu a Amatra VI (Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 6ª Região), no biênio 1990-1992, e a Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho), no biênio 1993/1995, além de ter exercido a vice-presidência da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), no biênio 1996/1997. Em julho de 2001, Ivanildo da Cunha Andrade foi promovido para a Segunda Instância do Tribunal. Foi corregedor regional no biênio 2009-2011. Preside o TRT-PE, eleito para o biênio 2013-2015.